Torcida Marias de Minas comemora 1 ano de fundação
- O Jornal do Jequitinhonha
- 20 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Hoje, quarta-feira, 20 de Maio de 2020, se comemora um ano de fundação do grupo Marias de Minas. Mas logo o leitor se questiona, quem são as Marias de Minas?

Em entrevista ao Jornal do Jequitinhonha, Yuri Senna, um dos líderes do

movimento, conta que a ideia de criar a torcida surgiu após ele e o namorado, Warley, sofrerem ataques homofóbicos dentro do estádio do Mineirão, onde os dois assistiam ao jogo do clube do coração, o Cruzeiro, em Setembro de 2019. Yuri, que acompanhava a partida abraçado com o namorado, foi filmado e exposto nas redes sociais, onde o vídeo foi usado para fazer chacota da situação. Após os atos, eles sentiram a necessidade de criar ações de combate a esse terrível e ainda costumeiro ato criminoso de homofobia nos estádios.
A iniciativa, que se aproveitou de um grupo de WhatsApp criado após um ataque homofóbico anterior sofrido por Yuri, se expandiu, e no começo deste ano enviou uma proposta de combate a LGBTfobia aos times e órgãos relacionados ao futebol mineiro. A proposta teve retorno do América e do Mineirão, mas devido à pandemia, os planos para uma ação conjunta tiveram que ser adiados. Além disso, as Marias de Minas tem mantido pelo seu instagram @mariasdemg uma programação de lives abordando temas como machismo, LGBTfobia no futebol, empecilhos do futebol feminino no Brasil, e Cruzeiro, obviamente.
A torcida, que se apropriou e ressignificou o termo homofóbico "marias", usado pelos torcedores do clube rival para se referirem aos torcedores do Cruzeiro, ganhou aliados nessa luta e hoje se soma a um coletivo nacional de torcidas LGBTQI, que conta com 13 torcidas de clubes das séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro, como Bahia, Paysandu, Paraná, Sport, Corinthians e Flamengo, sendo ela a única representante de Minas Gerais. O coletivo defende o mesmo propósito, de democratização das arquibancadas, porém a nível nacional. Como por exemplo, a proposta de combate a LGBTfobia foi adaptada e enviada a todos os times das 4 divisões nacionais, CBF e STF.

Recentemente, o grupo ganhou outro aliado importante, o próprio clube do coração. O Cruzeiro, que frequentemente desaponta seus torcedores por se omitir dessas discussões tão importantes, se posicionou de forma incisiva no Dia Internacional contra a Homofobia, colocando inclusive as 5 estrelas do clube sobre a bandeira arco-íris, símbolo do movimento LGBTQI. Até mesmo um ambiente tão homofóbico e machista como o futebol, é possível de ser reinventado. Algumas torcidas organizadas já se recusam a cantar músicas que contenham termos homofóbicos, e aquelas que ainda insistem nisso podem ver o time para o qual torcem ser punido com multa ou até perda de pontos no campeonato.
A quem resiste às mudanças só resta ser devorado pelas garras do progresso. O mundo mudou e com ele nós também mudamos, não existe mais espaço para o ódio e discriminação. O Jornal do Jequitinhonha defende que todos possamos nos amar e torcer como quisermos, e desejamos toda força às Marias de Minas, porque é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana, sempre, quem traz no corpo a marca Maria, Maria, mistura a dor e alegria.
Escrito por: Vinícius Araújo e Vítor Barreto.
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